novembro 10, 2007

Procura-se uma cartomante desesperadamente

Sair pelas ruas de Caxias do Sul atrás de alguma cartomante foi o programa proposto pela minha ex-roommate no segundo ou terceiro dia de janeiro, quando estava com ela visitando sua família na cidadezinha gaúcha. Achei a idéia meio absurda, mas no final acabei topando porque achei que ela desistiria rápido, já que Caxias, que já não tem muita gente normalmente, estava às moscas naquela semana pós-reveillon. Depois de dar com a cara na porta em dois ou três lugares, pedir informação pra umas pessoas na rua e andar durante mais de meia hora pelo centro da cidade, a gente chegou em uma dessas casas que vendem artigos religiosos, cheias de Yemanjás, velas gigantes e imagens de tudo quanto é tipo de santo. Lá, a vendedora se limitou a dizer "ela ali lê os búzios", apontando pra uma mulher que arrastava uma mala enorme pela loja. Ela, de imediato, já foi dispensando a gente: "eu leio, mas só vim pra cidade atender uma amiga, que já tá vindo me buscar...". Mas achar a tal da cartomante tinha virado uma verdadeira obcessão pra minha amiga, que não se conformou até convencer a mulher dos búzios a atender a gente. Conclusão: minutos depois as três estavam na calçada esperando a tal da amiga passar. E eis que ela chega numa Kombi que eu não via igual desde os tempos que a minha mãe pagava meu tio pra buscar eu e minha irmã na escola com a perua de transportar alumínio da oficina de box dele. Entramos. Só que nunca chegava na casa da amiga. Tipo, NUNCA. E quanto mais a gente se afastava do centro, mais feia ficava a cidade. Enquanto eu só conseguia pensar em como a gente ía voltar daquele lugar onde a gente ainda nem tinha chegado, minha amiga não emitia um sinal de preocupação, tamanha era a felicidade em ter encontrado a tal da cartomante, mesmo que fosse em circunstâncias suspeitas. Quando chegamos em um bairro que parecia uma mistura de Lapa de baixo com Parelheiros, a amiga foi entrando com a Perua dela na 'garagem'. E digo garagem entre aspas mesmo, porque a garagem era a casa e a casa era a garagem, e o carro ficou ali parado, entre o sofá e a geladeira. Fui a primeira a ser atendida, e essa história toda foi pra chegar no que ela me falou logo de cara (lembrando que ela não sabia nadinha sobre a minha pessoa). "Você veio pra cá porque quer esquecer dele, não é?". Não fiz nem que sim, nem que não só pra não dar pistas. Até aí, poderia ser coincidência, então vamos pra próxima "premonição", que foi dita assim, na lata: Você vai sair desse emprego e terá problemas na justiça pra receber o que você tem que receber. Fato: terça-feira passada estava lá eu no fórum trabalhista homologando meu acordo perante o juiz. Premonição: Uma amiga vai arranjar um outro trabalho pra você. Fato: Silvia me levou pra Conteúdo. Premonição: E lá você vai conhecer alguém. Fato: Estou namorando alguém de lá. Premonição: Esse alguém é muito ciumento. Fato: bom, não tem fato que comprove isso, mas há quem confirme a informação...Pra completar a história, demos 10 reais como pagamento pela consulta (o que sobrou depois da gente ter torrado tudo em Garopaba) e como voltamos pra casa? A cartomante mandou um dos filhos da amiga, que tinha um táxi, levar a gente pra casa. E sem cobrar.